Em tempos de ajuste fiscal, há um consenso geral de que o gestor público tem de fazer mais com menos. A discussão, na verdade, se concentra em como fazer. No Distrito Federal, planejamento, tecnologia de data discovery e treinamento fizeram a diferença.
Prova disso é que o volume de sonegação de ICMS identificada pela Secretaria da Fazenda do Distrito Federal (Sefaz-DF) saltou impressionantes 995% entre 2013 e 2015, pulando de R$ 42 milhões para R$ 460 milhões. Ao aprimorar a fiscalização o governo local evitou que dinheiro suficiente para construir 41 escolas de ensino fundamental ou médio escoassem dos cofres públicos.
Que gestor público não gostaria de incrementar a arrecadação assim, sem aumento da carga tributária? O resultado expressivo rendeu uma ótima matéria no DFTV, jornal local da Rede Globo (clique aqui).
No caso do caso do Distrito Federal, planejamento e investimento em tecnologia andam de mãos dadas. A Sefaz-DF colhe os frutos por ter sido a primeira secretaria da Fazenda do país a adotar a plataforma Qlik.
Veja um vídeo sobre a experiência da Sefaz-DF com a plataforma Qlik
Sem exigir nenhum grande investimento em infraestrutura de TI, ela permitiu cruzar informações do cadastro fiscal, livro fiscal eletrônico, Nota Fiscal Eletrônica (NFe), conhecimento de transporte eletrônico, NFe de serviço, financeiro das empresas, cartão de crédito e bases da Receita Federal. “Somos líderes nacionais da mineração de dados em função deste trabalho”, diz Wilson de Paula, chefe da Assessoria Especial da Sefaz-DF.
Saiba mais sobre a plataforma Qlik
O passo seguinte foi construir um prédio novo e reformular uma unidade, batizada de Centro de Monitoramento Eletrônico de Mercadorias em Trânsito (CMENT). Hoje, uma equipe de sete pessoas realiza um trabalho de inteligência cruzando dados com a mercadoria em trânsito e orienta abordagens nos postos fiscais. A fiscalização passou a ser mais precisa e efetiva. Diz Wilson de Paula: “Hoje o Fisco não vai à rua para parar o caminhão vermelho ou azul. Vamos parar o caminhão placa tal. Mudou a forma de trabalhar”.
Clique após clique, a plataforma Qlik mostra todas as notas emitidas no dia envolvendo compradores do Distrito Federal, incluindo mercadorias a caminho. A ferramenta registra quem vendeu, a cidade de origem, o endereço do vendedor e o horário em que a NFe foi emitida. E vai além: aponta o valor pago, a empresa compradora e a transportada, a vida financeira de ambas, quem são seus contadores, o tipo de tributação envolvida, a placa do caminhão de frete e até o nome do motorista que trará a mercadoria ao Distrito Federal. “Muitas vezes, sei o qual é a mercadoria antes do motorista que vai transportá-la”, conta Wilson de Paula.
Outro exemplo do poder dos dados virou manchete em março deste ano, quando a Polícia Civil do Distrito Federal fechou o cerco a 10 empresas de contabilidade e 10 distribuidoras de bebidas suspeitas de usar ao menos 30 empresas fantasmas para sonegar impostos. Segundo os investigadores, o grupo deixou de recolher R$ 100 milhões aos cofres públicos em dois anos.
Deixe um comentário